O Bairro do Castelo é o coração geográfico e patriótico de Lisboa. Foi daqui que o resto da cidade brotou à medida que a cresceu e se expandiu, desde a reconquista pelos cristãos aos mouros por D. Afonso Henriques – primeiro Rei de Portugal – em .
A coroar a existência quase milenar do povo português, o Castelo de São Jorge ergue-se imponente no topo da Colina do Castelo, ostentando a Bandeira de Portugal! Este é simultaneamente, o expoente máximo turístico do Bairro do Castelo e uma paragem obrigatória para qualquer turista que pretenda conhecer Lisboa. No cimo do castelo, é impossível não nos quedarmos a contemplar a vista sobre a capital portuguesa, as águas do Rio Tejo que calmamente rumam ao Oceano Atlântico, e Almada, cidade erigida na margem Sul do rio à qual a ligação é feita pela famosa Ponte 25 de Abril e os barcos Cacilheiros.
Apreciadores de turismo religioso, podem encontrar neste pequeno bairro uma forte presença arquitetural dedicada à fé. São nove as igrejas que perduraram até à atualidade e refletem a importância da religião na história do Bairro do Castelo e da fundação de Lisboa. O destaque principal está reservado à Sé de Lisboa, situada na Encosta da Sé, primeira área de expansão do Bairro do Castelo para fora das muralhas.
A rivalidade existente entre o Bairro do Castelo e o vizinho Bairro de Alfama toma maiores proporções durante as marchas populares, realizadas durante as festividades que decorrem no mês de junho por homenagem a Santo António, padroeiro da cidade de Lisboa. Da Rua de São Tomé até à Rua Augusto Rosa prolonga-se a maior parte de uma fronteira limítrofe invisível de dois territórios bem delineados pelo passar dos anos e aguerridas rivalidades entre os mais bairristas – é aqui que os bairros se conhecem e as gentes se separam, orgulhosas de pertencerem a um ou a outro. Ao olhar do turista, tudo se assemelha a uma amálgama de construções pitorescas quase empilhadas umas nas outras ao ponto de vizinhos, de em alguns locais, à janela de lados opostos da rua quase se poderem tocar ao esticarem os braços.
Visite, disfrute e perca-se pelas ruas de traçado medieval que carregam o peso da história de Lisboa no Bairro do Castelo.
Mapa do Bairro do Castelo
Área limítrofe do Bairro do Castelo
Pontos de Interesse
Castelo de São Jorge
O Castelo de São Jorge é o ex-libris turístico e histórico do Bairro do Castelo. Conquistado por D. Afonso Henriques aos mouros no ano , viria a tornar-se a residencial oficial dos reis portugueses – Paço da Alcáçova – em , quando D. Afonso III mudou a capital do Reino de Portugal de Coimbra para Lisboa. Um Monumento Nacional, e um dos locais a não perder em Lisboa!
Torre de São Lourenço
A Torre de São Lourenço está localizada na vertente Nordeste do Castelo de São Jorge. Distingue-se das outras 11 torres da fortificação por distar 23 metros da muralha principal que podem ser percorridos por uma escadaria descendente até à torre quadrangular com 9 metros de lado e que era utilizada como uma defesa avançada. A Torre de São Lourenço foi reconstruída no século XX, em .
Sé de Lisboa
A Sé de Lisboa, também conhecida por Igreja de Santa Maria Maior, é um dos símbolos maiores a nível religioso de toda a cidade de Lisboa. Foi construída na segunda metade do século XII, após a conquista de Lisboa aos mouros por D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal. Atualmente, a Sé simultaneamente a sede da Paróquia da Sé e do Patriarcado de Lisboa. Desde o ano que este magnífico edifício é considerado um monumento nacional.
Igreja da Conceição-Velha
A Igreja da Conceição-Velha, ou Igreja de Nossa Senhora da Conceição Velha, existe desde a época do pós-terramoto de . Tomou o lugar do edifício reconstruído da Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia de Lisboa, a primeira misericórdia a existir em Portugal. A fachada de Arquitetura Manuelina causa a comoção de qualquer turista pela beleza e detalhe dos entalhes.
Igreja da Madalena
A Igreja da Madalena localiza-se nas imediações da Sé de Lisboa. O edifício é fruto de múltiplas reconstruções de uma edificação original erigida a mando de D. Afonso Henriques algures entre os anos de e na proximidade da Cerca Moura. O portal de entrada talhado ao Estilo Manuelino é um dos destaques arquitetónicos, exibindo duas características esferas armilares.
Igreja de Santa Cruz do Castelo
A Igreja de Santa Cruz do Castelo é um edifício construído nos finais do século XVIII no preciso local onde existia uma igreja do século XII que foi arrasada pelo temível Terramoto de . Quando D. Afonso Henriques conquistou Lisboa aos mouros, este era o local de uma mesquita. A igreja ostenta a particularidade de a torre sineira assentar na torre da muralha da alcáçova do Castelo de São Jorge e está ligada ao culto de São Jorge.
Igreja de Santo António
A Igreja de Santo António encontra-se na casa onde nasceu Santo António de Lisboa nos finais do século XII. É um local sagrado e de forte culto para a religião cristã, fruto da transversalidade e proeminência deste santo pelo mundo cristão. Encontra-se paredes meias com o Museu Santo António, espaço dedicado à exibição de peças de arte sacra e religiosa.
Igreja Ortodoxa Romena
A Igreja Ortodoxa Romena está atualmente instalada na pequena Igreja de São Crispim. Para os mais confundidos, trata-se pois da mesma igreja. Este centro religioso tem um papel muito importante na vida dos imigrantes romenos que tentaram alcançar uma vida melhor em Portugal e não o conseguiram, ficando em situações precárias. É digno de menção este nobre papel da Igreja Ortodoxa Romena.
Igreja de São Cristóvão
A Igreja de São Cristóvão localiza-se no Largo de São Cristóvão e dedica-se ao culto de São Cristóvão de Lícia. Foi erguida no reinado de D. Manuel I. Antigamente, o local já era utilizado para práticas de culto religioso, pois a igreja foi erigida em terrenos de uma antiga ermida que se devotava a Santa Maria de Alcamim.
Igreja do Menino Deus
A Igreja do Menino Deus localiza-se junto ao Castelo de São Jorge e é um ícone de relevo da Arte Barroca Lisboeta. Foi construída em
Igreja de Santiago
A Igreja de Santiago é uma das mais antigas da capital portuguesa. Já era mencionada em documentos do ano
Jardim Augusto Rosa
O Jardim Augusto Rosa situa-se junto à Igreja de Santo António, ao Museu Santo António e à Sé de Lisboa. Ao contrário de muitos jardins, possui um pavimento em pedra da calçada e apenas algumas árvores de folha caduca. Junto à estátua do busto do ator que dá nome ao jardim, encontra-se um chafariz que permite um precioso refresco antes de subir a Encosta da Sé. O jardim também tem um pequeno quiosque.
Jardim do Castelo de São Jorge
O Jardim do Castelo de São Jorge embeleza de verde as muralhas do Castelo de São Jorge. O pavimento em calçada portuguesa desordenada, a visão das muralhas erguidas à nossa frente e as plantas e relva bem tratadas levam-nos o pensamento para séculos distantes. Sente-se numa esplanada e desfrute do local mais antigo de Lisboa.
Miradouro do Castelo de São Jorge
O Miradouro do Castelo de São Jorge possui uma beleza única por estar enquadrado com uma fortificação militar centenária. A vista sobre Lisboa, o Rio Tejo e a Ponte 25 de Abril é deslumbrante. Olhando em redor, as oliveiras, as arcadas ao estilo romano, os canhões de artilharia pesada na muralha e a esplanada com restaurante fazem as delícias de qualquer visitante.
Miradouro do Chapitô
O Miradouro do Chapitô apresenta uma vista fabulosa sobre a cidade de Lisboa. Daqui, os telhados avermelhados da cidade parecem todos diferentes, e o Torreão Poente do Terreiro do Paço aparece forte e resoluto com as águas do Rio Tejo por trás. No Restaurante Chapitô à Mesa desfrute de um belo repasto enquanto a partida do sol anuncia o início de um espetáculo de luzes que ganham vida na cidade à medida que a noite cai.
Museu Santo António
O Museu Santo António, conhecido antigamente por Museu Antoniano, situa-se imediatamente ao lado da Igreja de Santo António. A igreja foi construída no local da habitação onde nasceu Santo António de Lisboa e é um local de culto muito respeitado. No museu, os apreciadores de arte religiosa poderão apreciar uma coleção com esculturas, pinturas ou cerâmicas.
Museu das Artes Decorativas Portuguesas
O Museu das Artes Decorativas Portuguesas expõe o acervo do colecionador Ricardo Ribeiro do Espírito Santo Silva. Encontra-se instalado no Palácio Azurara junto ao Miradouro das Portas do Sol e à Igreja de Santa Luzia. Aqui, encontrará peças de áreas como o têxtil, mobiliário ou ourivesaria dos período entre os séculos XV e XVIII. A escola de conservação e restauro do museu é conceituada a nível internacional.
Museu do Teatro Romano
O Museu do Teatro Romano existe com o propósito de divulgar o património arquitetónico deixado pela ocupação romana da cidade de Lisboa. As Ruínas do Teatro Romano são o ex-libris de toda a exposição. À época, a cidade chama-se Felicitas Iulia Olisipo. O museu existe desde
Museu do Aljube - Resistência e Liberdade
O Museu do Aljube é o museu mais recente do Bairro do Castelo, tendo aberto portas no ano de
Chapitô
O Chapitô localiza-se na Costa do Castelo e é o único teatro do Bairro do Castelo. Contabiliza mais de 3 décadas de existência e desenvolve-se nas áreas da ação social, formação e cultura. Desde
Acessibilidades
De carro
- Parque de Estacionamento Mercado do Chão do Loureiro (pago)
- Parque de Estacionamento das Portas do Sol (pago)
A pé
- Acesso à parte Sul pelas escadas no cruzamento entre a Rua da Alfândega e a Rua dos Arameiros.
- Acesso à zona Oeste pela Travessa de Santa Luzia, junto à Igreja de Santa Luzia, no Largo de Santa Luzia.
- Acesso pelo Largo das Portas do Sol à zona Oeste.
- Acesso à Costa do Castelo no cruzamento com a Calçada de Santo André - zona Nordeste do Bairro do Castelo.
- Acesso à Costa do Castelo pelas Escadinhas da Costa do Castelo.
- Acesso à zona Noroeste pelas escadas que vão da Rua de Santa Justa até ao Largo de São Cristóvão.
Transportes Públicos
História
Lenda e Fundação do Bairro do Castelo
Lisboa é a terceira cidade mais antiga da Europa a ser habitada de forma contínua. Os Fenícios, foram o primeiro povo a habitá-la em
Outrora, quando Lisboa não o era, estas terras páreas com o mar chamavam-se de Offiusa, significando a Terra das Serpentes. O jugo sobre este vasto território era exercido por uma rainha meio mulher meio serpente que reinava sobre as demais serpentes. Esta, orgulhava-se das suas posses e clamava aos céus que nenhum homem ousaria entrar nos seus domínios!
Vindo dos mares, com os cascos aproados a Offiusa, chegava Ulisses, autor de grandes feitos heroicos! Cedo se maravilhou com a beleza desta terra e decidiu, ali, erigir a capital do mundo, Ulisseia.
Com o passar do tempo, os homens de Ulisses iam sucumbindo a mortes misteriosas, e o guerreiro desafiou aos céus que o inimigo se fizesse ver. A rainha serpente apareceu e rogou-lhe que se ficasse como seu rei, poderia construir a sua cidade. Fruto do tom ambíguo entre proposta amorosa e ameaça mortal, o guerreiro aceitou e as mortes cessaram.
A cidade Ulisseia, capital do mundo, começou a tomar forma à medida que os homens de Ulisses avançavam a construção sob o cântico encantador das mulheres serpentes.
Mais tarde, Ulisses rei e senhor de Ulisseia, principiou a sentir saudades de embarcar em novas aventuras e da sua terra. Ciente de que arriscava a morte se tentasse partir de Ulisseia a bem ou fugisse e fosse apanhado, Ulisses estava resoluto em partir e urdiu um plano com o seu melhor amigo. Este, com semelhanças físicas a Ulisses, teria de se disfarçar e nessa noite levar a rainha a passear, enquanto Ulisses escapava via mar ao amor fétido da rainha, que mais não era do que algemas de ouro.
Já o passeio ia longo, quando a rainha se apercebeu que estava a ser enganada e mordeu o amigo de Ulisses, que em dor excruciante devido ao veneno, se viu obrigado a confessor a fuga do guerreiro pelo mar.
Em desespero para tentar alcançar Ulisses, já detentor de um avanço considerável, a rainha serpente distendeu o seu corpo em direção ao mar para lá das suas possibilidades físicas. O seu corpo contorceu-se e serpenteou em agonia até o último sopro de vida abandonar a serpente rainha, moldando a paisagem seu redor no processo. Assim, foram criadas as sete colinas de Lisboa. Quanto à cidade, continuou a ser habitada e desenvolvida, sem o herói lendário Ulisses embarcado pelas águas rumo ao horizonte, e sem as serpentes que ao verem tombar a sua rainha abandonaram as terras de Lisboa.
Até à ocupação Árabe no século VIII, Lisboa foi ocupada pelos romanos e posteriormente pelos visigodos. A cidade era denominada de Felicitas Ivlia Olisipo e Ulishbona, respetivamente.
No século XI, os Árabes construíram a fortificação do Castelo de São Jorge com o intuito de proteger o alcaide e as elites instaladas na cidade em caso de um ataque por parte das tropas cristãs.
No
No século XIII, no ano de
A cidade viria expandir-se para fora das muralhas pela Encosta da Sé abaixo, aumentando as fronteiras do, hoje, conhecido por Bairro do Castelo.
Entre
Atualmente, o Bairro do Castelo retém a sua arquitetura medieval e orgânica original, tornando uma visita a este sítio uma autêntica viagem no tempo!