Bairro Alto de São Roque, ou para muitos simplesmente Bairro Alto, é um dos grandes símbolos turísticos da cidade de Lisboa, fruto da sua restauração, casas de Fado, bares e clubs. Carrega nas ruas ortogonais e fachadas antigas, um murmúrio secular, irresistível ao turista que sai para descobrir Lisboa.
Bairro Alto, diferente dos demais e fiel a si próprio, respira durante o dia um ambiente castiço e acolhedor com as esplanadas de rua a cumprimentarem quem por ali passa em jeito de convite. Sente-se, relaxe e goze das iguarias que a gastronomia Lisboeta tem para oferecer.
Ao cair da noite, tem início no pacato bairro uma metamorfose. O sol põe-se, a iluminação de rua acende-se, o Bairro Alto acorda e a noite ganha vida.
As violas e guitarras portuguesas são afinadas, as vozes aquecidas, e o Fado invade alma e espírito daqueles que desfrutem de um repasto em casas de fadistagem no Bairro Alto.
Lá fora, amigos e desconhecidos juntam-se em grandes grupos nas ruas de boémia com bebida na mão em ameno convívio. Esta, é sem dúvida, uma das imagens características do Bairro Alto. A Praça de Luís de Camões, ponto de encontro das gentes, é preenchida por um buliço divertido que rumará aos bares da vizinhança Um burburinho ininteligível toma conta das ruas principais – Rua da Atalaia, Rua do Diário de Notícias, Rua da Barroca e Rua da Rosa – numa mistura de conversas bem dispostas, gargalhadas, risadas e línguas nunca antes ouvidas trazidas pelos turistas que brindam com a sua visita o Bairro Alto!
Mapa do Bairro Alto, limite da área urbana.
Turismo
Lazer
As ofertas de lazer no Bairro Alto de São Roque localizam-se na sua maioria em quatro ruas paralelas, Rua da Atalaia, Rua do Diário de Notícias, Rua da Barroca e Rua da Rosa.
Perto do início da Rua da Rosa encontra-se o famoso Ascensor da Bica, já em território do Bairro da Bica, na Rua da Bica de Duarte Belo. Está em funcionamento desde .
Todas as atividades de restauração, casas de Fado e bares estão disponíveis nestas artérias principais ou nas ruas adjacentes e encerram no seguinte horário:
- domingo a 5ª feira: às
- 6ª e sábado: às
- Discotecas: às e
Outro polo de lazer é o Teatro do Bairro que abriu em na Rua Luz Soriano.
Aqui, desenvolve-se o projeto da Companhia Teatro do Bairro. Com o intuito de dinamizar o teatro, as instalações são utilizadas para além da produção teatral, como sala de cinema, sala de concertos e espaço para tertúlias e debate de ideias sobre as mais diversas temáticas.
Pontos de Interesse
Praça Luís de Camões, ou Largo de Camões
A Praça de Luís de Camões, vulgarmente conhecida por Largo de Camões, é um dos locais de relação indissociável com o Bairro Alto. Apesar de não se localizar no Bairro Alto, é o ponto de convergência entre este, o Bairro de Santa Catarina e o Bairro do Chiado. Também é tido como um lugar de convergência de pessoas, onde amigos se reúnem para depois rumar ao interior do Bairro Alto para mais uma jornada de folia por esses bares fora.
Ao centro da praça, o Monumento a Camões. Obra do escultor Victor Bastos inaugurada em , a estátua do poeta Luís Vaz de Camões num pedestal parece abençoar as noites de boémia daqueles que por aqui passam e seguem caminho. Altamente apropriado, pois segunda reza a história, os talentos de Camões não se cingiam à literatura e proliferaram ativamente pelos bons costumes mundanos.
Jardim de São Pedro de Alcântara, Miradouro de São Pedro de Alcântara e Ascensor da Glória
Na junção da Rua de São Pedro de Alcântara com a Rua Dom Pedro V, temos o Jardim de São Pedro de Alcântara e a melhor janela panorâmica do Bairro Alto para Lisboa. Esta é, sem sombra de dúvidas, uma das mais belas perspetivas sobre a cidade. Corrimão gradeado ousadamente debruçado sobre a capital portuguesa, o Miradouro de São Pedro de Alcântara dispõe de uma vista privilegiada sobre a Baixa Pombalina. No lado oposto, na cumeada da Colina do Castelo, o Castelo de São Jorge anuncia-se como símbolo patriótico da nação e berço de Lisboa.
Logo aqui ao lado, o emblemático Ascensor da Glória percorre a Calçada da Glória desde , tendo sido classificado como Monumento Nacional em 2002. Faz a ligação entre a Praça dos Restauradores e a Rua de São Pedro de Alcântara.
Igreja de São Roque e Convento dos Cardeais
A Igreja de São Roque foi erigida em no, atual, Largo Trindade Coelho. Está lado a lado com o Museu de São Roque e pertenceu aos jesuítas durante quase 2 séculos. Em , para proteção divina de Lisboa contra a peste negra, o Rei D. Manuel I ordenou a construção de uma ermida como local de culto a uma relíquia de São Roque importada de Veneza. Neste mesmo sítio, seria construída a igreja. Tinha início a veneração a São Roque no Bairro Alto e fortalecia-se a esperança de erradicar a peste bubónica pela fé.
Convento dos Cardaes
O Convento dos Cardaes foi construído no século XVII a mando de Dona Luísa de Távora para albergar a Ordem das Carmelitas Descalças. Os amantes de arte sacra e decorativa encontrarão no nº 123 da Rua do Século uma coleção digna de visita.
No Convento dos Cardaes, ainda hoje se prossegue com a obra iniciada no século XIX, de acolher pessoas com múltiplas deficiências. Este é um cantinho de ternura e bondade no Bairro Alto de São Roque.
Museus no Bairro Alto de São Roque
O Museu de São Roque encontra-se paredes meias com a Igreja de São Roque, no Largo Trindade Coelho. A exposição de arte sacra está em exibição desde e, por entre peças de adorno e ourivesaria, existe uma relíquia envolta em misticismo que terá pertencido ao próprio Santo!
Ao entrar na Rua do Grémio Lusitano, junto à Igreja de São Roque, encontrará no nº 25 o Museu Maçónico Português. Aberto desde com o cunho do Grande Oriente Lusitano (uma obediência maçónica), este espaço dá a conhecer às pessoas comuns um pouco da maçonaria portuguesa, organização sobejamente conhecida, ironicamente, pelo seu secretismo e propósitos ocultos...
O Museu na Sede da Liga dos Combatentes é um núcleo museológico muito menor quando comparado com o Museu do Combatente no Forte do Bom Sucesso, Avenida de Brasília. No entanto, se tiver curiosidade sobre a época da Guerra Colonial e se encontrar no Bairro Alto, dirija-se ao nº18 da Rua João Pereira da Rosa e aprecie desde armas, a fardas militares e condecorações.
Acessibilidades
De carro:
- Parque de estacionamento subterrâneo da Praça de Luís de Camões (pago)
- Parque de estacionamento coberto na Calçada do Combro (pago)
- Parque de estacionamento subterrâneo na Rua da Misericórdia nº 20 (pago)
Transportes Públicos
- Autocarro
- Elétrico
- 28E
- Ascensor da Glória. Da Praça dos Restauradores à Rua de São Pedro de Alcântara.
- Ascensor da Bica. Da Rua de São Paulo ao Largo do Calhariz.
- Metro
- Estação Baixa-Chiado. Siga pela Rua Garret até à Praça de Luís de Camões.
- Estação Cais-do-Sodré. Suba a Rua do Alecrim até à Praça Luís de Camões.
- Comboio
- Estação Ferroviária do Cais do Sodré. Suba a Rua do Alecrim até à Praça Luís de Camões.
- Barco
- Terminal do Cais do Sodré. Suba a Rua do Alecrim até à Praça Luís de Camões.
História
Fundação e Evolução Histórica do Bairro Alto de São Roque
A Lisboa do Período Quinhentista apresentava-se uma cidade dinâmica e cheia de vida. Porto de partida para as terras além-mar e de chegada das inúmeras rotas mercantis, o crescimento urbano da cidade tornara-se inevitável. É assim revogado o ordenamento do território que impedia qualquer construção fora da Muralha Fernandina.
No dia , Lopo de Atouguia formaliza um acordo com o aforador Bartolomeu de Andrade e sua mulher Francisca Cordovil, para o sub-aforamento das terras exteriores à Muralha Fernandina. As parcelas de terra que vão desde a Rua do Loreto à Travessa da Queimada, são divididas em talhões ortogonais.
Arrancava a edificação do Bairro Alto de São Roque que nos seus primórdios, em honra do seu fundador e impulsionador, se denominava Vila Nova de Andrade.
Numa primeira instância, o Bairro Alto foi ocupado pela burguesia rica, mercadores e fidalguia, atraídos por uma exposição solar de excelência e o revolucionário traçado ortogonal em contraposição à errática arquitetura medieval vigente no centro da cidade.
Em , o crescimento urbano do bairro já contabilizava 408 edifícios construídos e cerca de 1600 habitantes.
No , o Bairro Alto de São Roque já era habitado por 8679 pessoas. Dois anos volvidos, os jesuítas instalam-se na zona alta, junto à Igreja de São Roque. A influência jesuíta no bairro foi crescendo e em Ana Queimado, herdeira de uma enorme fortuna, afora terras aos frades trinos na travessa que viria a ostentar o seu nome – Travessa da Queimada – para a construção de casas de nobreza.
No princípio do século XVIII, as peças de teatro público davam a conhecer aos portugueses a famosa atriz e cantora Luísa Todi e a casa de Almeida Garrett na Rua da Barroca era palco de acérrimos debates liberalistas.
Em , o Bairro Alto de São Roque escapa sem danos maiores ao grande terramoto que obrigaria a reconstruir a maior parte de Lisboa.
Durante dois séculos o tecido social do bairro manteve-se fiel a si próprio e chegaram a estar habitados 15 palácios em simultâneo.
No início século XIX, uma faceta mais obscura toma conta deste bairro histórico e ao som do Fado nas tabernas e bordéis de um bairro pouco atendido pelas autoridades, encontram-se à mesa pessoas dos mais variados extratos sociais, do bandido ao fidalgo, todos se servem da penumbra para satisfazerem seus vícios e caprichos, longe dos olhos do mundo. A partir de , o Bairro Alto tornou-se uma das três áreas de Lisboa onde a prostituição poderia ser legalmente exercida.
Na segunda metade do século XIX, a Imprensa aproveita as instalações dos múltiplos palácios desabitados e em desuso para se instalar no Bairro Alto. No Palácio Marim-Olhão, na Calçada do Combro, funcionava o Revolução de Setembro e A Batalha, o Palácio dos Viscondes de Lançada, na Rua do Século, recebe o jornal O Século e no antigo Palácio dos Condes de Atalaia, na Rua da Atalaia, recebeu o Record.
Já no século XX, o Bairro Alto de São Roque albergou 13 das 20 redações de imprensa mais importantes de Portugal durante o período da 1ª República. Atualmente, o jornal desportivo A Bola é o único a permanecer no bairro.
Nos finais da década de e início de despontou a abertura de bares e discotecas no Bairro Alto, tornando-o um dos polos de diversão noturna mais importantes de Lisboa. Essa conotação encontra-se atualmente firmada com os fins de semana sempre animados, a ausência de circulação automóvel no centro do bairro e uma grande afluência turística em busca de diversão e lazer em Lisboa.