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Lisboa

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Sete Colinas de Lisboa

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Colina do Castelo em Lisboa.
Colina do Castelo e Colina de São Roque, no canto superior direito.
Em Lisboa, a Colina de Santo André.
Lisboa: Rua da Bica a separar a Colina de Santa Catarina e a Colina das Chagas.
Colina de São Roque em Lisboa.
Lisboa: Colina de Santana.
Colina de Santana, Colina de Santo André e Colina do Castelo, em Lisboa.
Colina do Castelo e Colina de Santo André, em Lisboa.
Lisboa, a Colina de São Vicente de Fora.

Antigo braço do Rio TejoVales das Sete Colinas de Lisboa

Mapa das Sete Colinas de Lisboa

São os vales de Lisboa que originam as Sete Colinas de Lisboa, apelidadas de montes por Frey Nicolao d'Oliveira:

  1. Vale de Santos

    Limita o grande monte que forma a Colina de Santa Catarina, Colina das Chagas e Colina de São Roque, pela margem Oeste.

  2. Vale de Jesus

    Limita a Colina de Santa Catarina a Oeste.

  3. Vale das Chagas

    Divide a Colina de Santa Catarina da Colina das Chagas. O vale formou-se durante um deslizamento de terras provocado pelo Terramoto de .

  4. Vale Verde ou Vale de Santo Antão

    Divide a Colina de São Roque da Colina de Sant'Ana. Corresponde à actual Avenida da Liberdade onde corria a Ribeira de Vale Verde, também conhecida como Valverde ou de Santo Antão.

  5. Vale de Arroios

    Limita a Colina de Sant'Ana a Este e divide-a da Colina da Graça. Aqui existira a Ribeira de Arroios.

  6. Vale da Mouraria

    Contorna a Colina do Castelo a Nordeste, separando-a da Colina da Graça. Um pequeno vale que rasga o Bairro Histórico da Mouraria a meio, em direcção à Praça Martim Moniz.

  7. Vale de Alfama

    Separa a Colina de do Castelo da Colina de São Vicente de Fora pelo Bairro Histórico de Alfama

  8. Vale de Santo António

    Limita a Colina de São Vicente de Fora a Este. Representa também o limite Este do conjunto de montes que formam as Sete Colinas de Lisboa.

Acredita-se que a conotação poderá ter surgido durante os séculos de presença dos romanos em Lisboa - Olíssipo, naquela época - quando viram semelhanças com Roma, capital do Império Romano igualmente cercada por sete colinas.

No entanto, a primeira ideia que refere Lisboa como cidade dos sete montes, em vez de colinas, surge no século XVII pela mão de Frey Nicolao d'Oliveira no :

Occupa agora pois esta Cidade em comprimento de Belem té Saõ Bento de Enxobregas, que saõ quasi duas legoas, continuandose sempre casas, e quintas, ficando o meo della, e o a que propriamente chamamos Cidade situada sobre sete montes muy altos, e de muita distancia entre huns, e outros, e os occupa todos, naõ so nos altos delles, mas em todas suas fraldas, e raizes, e valles, como se deixa claramente ver de quem vem do mar, que de terra naõ ha lugar donde se possa ver mais que quando muito a terceira parte della.

Os topos dos montes são locais propícios para a existência de igrejas e miradouros e é exactamente isso que encontramos no cimo de quase todas as colinas.

Eis as Sete Colinas de Lisboa, ordenadas e citadas segundo Frey Nicolao d'Oliveira:

  1. Colina de São Vicente de Fora

    Colina de São Vicente de Fora vista do Miradouro das Portas do Sol.

    O primeiro monte começando do Oriente he o de Saõ Vicente de fora, chamado assim por ser fundado por el Rey Dom Afonço Henriquez no mesmo lugar, em que situou seu exercito, quando pôs cerco a esta Cidade, e a tomou aos Mouros, o qual estava fora dos muros, como agora se vé na distancia, que ha deste sumptuosissimo Mosteiro té o muro do Castello, donde começava a Cidade antiga...

    E tornando ao primeiro monte sobre que esta Cidade está fundada, que he o de Saõ Vicente; começase este monte a levantar da parte do Oriente do illustra Mosteiro de Santa Clara, e sobe té Saõ Vicente, e se acaba em nossa Senhora da Graça, onde se acaba tambem o muro da Cidade, e d' ali dece pera a parte do meo dia por Sancto Andre (...)

    Aqui encontramos a Igreja de São Vicente de Fora, o Panteão Nacional e o Miradouro do Jardim Bottom Machado situado no topo do Campo Santa Clara onde se realiza a Feira da Ladra. Frey Nicolao refere o Mosteiro de Santa Clara ainda antes de ter ruido durante o Terramoto de , onde são as actuais Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento.

    A sua área insere-se na Freguesia de São Vicente de Fora e abrange o Bairro Histórico de Alfama e o Bairro Histórico de São Vicente que descem íngremes até Santa Apolónia, junto ao Rio Tejo.

    A origem do nome São Vicente nasce do primeiro Santo Padroeiro de Lisboa. São Vicente foi diácono no século III e mártir durante as perseguições aos cristãos. Após as terríveis torturas que o levaram à morte no ano de 304 e, posteriormente, lançado aos abutres, o seu corpo é protegido por um corvo.

    Em 711, durante a conquista da Península Ibérica pelos Muçulmanos, estes tentam transformar todas as igrejas em mesquitas. Para salvar as relíquias de São Vicente transportam-nas até ao actual Cabo de São Vicente, mais conhecido por Cabo de Sagres.

    Dom Afonso Henriques recupera as relíquias para Lisboa em numa viagem acompanhada por dois corvos, desde o Promontório de Sagres até à Igreja Paroquial de Santa Justa e Rufina.
    E assim começa a lenda dos corvos protectores do Santo que dá origem ao brasão de Lisboa: os corvos e a nau.

  2. Colina de Santo André

    Colina de Santo André vista do Miradouro do Elevador de Santa Justa.

    A a mão esquerda deste monte em respeito do Occidente, se vay levantando outro monte (que sobe do mesmo sitio, em que o acima fenece) té o postigo Santo André, e costeando o pee do Castello pella parte do Oriente vem a se acabar junto ao chafariz d'el Rey, e como este he mais pequeno naõ o occupaõ mais de tres freguesias, que estaõ postas, e lançadas por suas fraldas e ladeyras, ficandolhe da parte do Oriente a freguesia de Saõ Miguel, e da parte do Occidente Saõ Pedro, fincadolhe mais acima, e quasi no cume a freguesia de Saõ Thomé.

    A Colina de Santo André destaca-se por dois montes muito altos com alturas diferentes.

    O primeiro, mais baixo e mais próximo do Castelo de São Jorge, localiza-se no Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen junto à Igreja e Convento da Graça onde também se encontra o Jardim Augusto Gil.

    O segundo, um pouco mais alto e à direita do primeiro, situa-se no Miradouro da Senhora do Monte no mesmo local da Capela de Nossa Senhora do Monte e São Gens e, por este motivo, também é conhecido por Monte de São Gens.

    As suas áreas compreendem o Bairro Histórico da Graça na Freguesia de São Vicente de Fora.

    O Postigo de Santo André indicado por Frey Nicolao d'Oliveira estava localizado no fim da descida da Calçada de Santo André e dizia respeito a uma das portas de entrada na Muralha Fernandina, junto ao Palácio do Conde da Figueira. Primeiro foi Porta de Santo André e mais tarde Arco de Santo André. Acabou por ser demolido em a favor da passagem do eléctrico.

  3. Colina do Castelo ou Colina de São Jorge

    Colina do Castelo, vista do Miradouro do Elevador de Santa Justa.

    O terceiro monte he o mais alto entre todos, em que està hum fortissimo Castello, cujo cume parece que cortou a natureza ao picaõ, ficando todo em redondo muy alto, e a modo de terrepleno fortissimo, fortalecido de muy altos muros, e torres. Este monte começa da parte do Oriente da porta de Sancto Andre, e vem sempre como cortado ao picaõ da parte do Oriente, continuando o valle, que o divide do segundo monte, té dar junto ao chafariz d'el Rei, e daqui vay fazendo hum muy grande circulo com suas fraldas, que sera de quasi mea legoa, té tornar a dar no mesmo postigo de Sancto Andre, povoandoo as freguesias seguintes: Sancta Cruz do Castello, Saõ Bartholomeu, Sanctiago, Saõ Martinho, Saõ Jorge, Saõ Mamede, Saõ Christovaõ, Saõ Lourenço, e muy grande parte da freguesia de Saõ Sebastiaõ da Mouraria.

    É a colina mais simbólica das Sete Colinas de Lisboa por ter o Castelo de São Jorge, alusivo ao Santo São Jorge, a lembrar uma coroa no topo do monte. É também a mais alta.

    Na encosta Sul, virada ao Rio Tejo, está a Sé de Lisboa e a Igreja de Santo António de Lisboa defronte do Jardim Augosto Rosa.

    Localiza-se na Freguesia de Santa Maria Maior no Bairro Histórico do Castelo.

  4. Colina de Sant'Ana ou Colina da Saúde

    Colina de Sant'Ana ou Colina da Saúde

    Entre este monte, e o de Saõ Roque seu opposto, fica quasi em triangulo hum monte alto, que se chama o monte de Santa Anna, por estar no mais alto delle um mosteiro de Religiosas Franciscanas com titulo da mesma Santa, e este he o quarto monte em ordem. Cortaõ este monte dous valles muy cumpridos, hum pella parte do Orientem e outro pella do Occidente, e vem ambos a huma a dar em outr valle muy largo, que fica entre o monte do Castello, e o de Saõ Roque, e neste se faz hum formosissimo rocio, e de comprido quinhentos, em cujo topo da parte Septentrional està huma fermosissima fonte com quatro bicas; e occupaõ este valle a freguesia da Concepçaõ, a de Saõ Juliaõ, a freguesia de Saõ Nicolão, e a de Sancta Justa.

    O Jardim Braancamp Freire no Campo Mártires da Pátria caracteriza o cimo da Colina de Sant'Ana, lembrado como Alto da Caganita ao ter sido um local de pastagem de animais, e que também é conhecida como Colina da Saúde por causa dos hospitais ali edificados. Mesmo à sua frente encontramos a Faculdade de Ciências Médicas da Faculdade Nova de Lisboa.

    O convento indicado por Frey Nicolao d'Oliveira, pertencia à Ordem dos Frades Menores quando foi extinto a , no preciso local onde hoje se encontra o Instituto Bacteriológico da Câmara Pestana, à direita da faculdade. A mesma rua dá entrada para o Jardim do Torel e o seu miradouro sobre Lisboa.
    A Freguesia de Arroios abraça esta Colina situada entre a Avenida da Liberdade e a Avenida Almirante Reis.

    As diferentes toponímias do nome Sant'Ana incluem Santana ou Santa Anna, avó de Jesus Cristo e mãe de Maria.

  5. Colina de São Roque

    Colina de São Roque.

    O quinto monte em que està situada esta Cidade, he o de Saõ Roque, opposto ao Castello da parte Occidental, inda que naõ tam alto como o do mesmo Castello (sendoo muyto em fim). Este se começa a levantar defronte da porta do Ouro, e correndo junto do valle, que entre elle, e o Castello fica entreposto, pellas fangas da farinha vay atravessando a rua dos fornos, e a dos sombreiros, que está junto ao Anjo té a Caldeiraria, e d'ali por Valverde, e pee das casas de Dom Estevaõ de Pharo, que agora he Conde de Pharo, atravessa as casas de Dom Francisco de Pharo té a calçada de nossa Senhora da Gloria, e por ella acima a Saõ Roque; daqui, depois de aver feito hum grande bairo, qual he o a que chamamos de Saõ Roque, vay decendo, e fazendo hum estreito valle té o mar, onde se mete.

    O cimo da Colina de São Roque situa-se no Miradouro São Pedro de Alcântara, no início da Rua São Pedro de Alcântara. Descendo-a, encontramos a Igreja de São Roque no Largo Trindade Coelho. O antigo Bairro Alto de São Roque é hoje o boémio Bairro Alto e o local de diversão nocturna mais tradicional de Lisboa.

    Quem desce a Avenida da Liberdade até ao Rossio passa junto a este grande monte que se vai levantando do lado direito e que abrange o Bairro Histórico do Chiado, Bairro Histórico do Bairro Alto de São Roque e Bairro Histórico do Príncipe Real. A colina está maioritariamente inserida na Freguesia da Misericórdia, com excepção do Chiado que pertence à Freguesia de Santa Maria Maior.

    São Roque, o santo da Igreja Católica Romana, está na origem do nome desta colina.Há quem identifique erradamente a Colina de São Roque como Colina de São Pedro de Alcântara devido ao Miradouro São Pedro de Alcântara.

  6. Colina das Chagas

    Colina das Chagas.

    Da parte direita, que fica ao Occidente, onde se acaba este monte, se começa a levantar o sexto monte alto, chamado das chagas por huma Igreja, que nelle edificáraõ os mareantes da carreira da India, com titulo, e envocaçaõ das chagas, onde por breve do Summo Pontifice tem seu Cappellaõ, que a elles, e sua molheres, e mais familia serve de Cura, e além desta Igreja está este monte occupado com parte de tres freguesias, que saõ a mayor parte da freguesia de Sancta Catherina, e parte da freguesia de Saõ Paulo. Junto a este monte fica hum grande valle, que se chama o vale das chagas (...)

    A Colina das Chagas foi assim apelidada pela Igreja das Chagas de Cristo situada no seu cume, no fim da descida da Rua das Chagas. Ao seu lado direito vemos o Vale das Chagas ? criado por um deslizamento de terras em , separando-o da Colina de Santa Catarina ? que contém a Rua da Bica e o típico Ascensor da Bica.

    Situa-se na extremidade Sul da Colina de São Roque no Bairro Histórico do Bairro Alto de São Roque e Bairro Histórico de Santa Catarina, entre a Freguesia da Misericórdia e a Freguesia de Santa Maria Maior. É o monte com a área mais pequena das Sete Colinas de Lisboa.

    Existem diversas referências erradas à localização da Colina das Chagas, sendo a mais comum, o Largo do Carmo.

  7. Colina de Santa Catarina

    Colina de Santa Catarina.

    (...) monte de Sancta Catherina de Monte Sinay, que he o septimo, o qual se estende em muy grande espaço, e fenece em hum pequeno valle junto á Esperança, onde se acaba a principal parte do arrabalde da Cidade, e que com ella se conta.

    Se considerarmos que a Colina de São Roque se situa na encosta Este de um largo monte, a Colina de Santa Cataria situar-se-á na encosta Oeste, separada da Colina de São Roque e da Colina das Chagas pelo Bairro Alto de São Roque e pelo Vale das Chagas, respectivamente.

    A Calçada do Combro sobe do Vale de Jesus até à Igreja de Santa Catarina, defronte para a Travessa da Condessa do Rio que desce em direcção ao Miradouro de Santa Catarina.

    Ocupa a Freguesia da Misericórdia, Bairro de Santa Catarina e a zona mais ocidental do Bairro Alto de São Roque.

    A zona da Esperança a que se refere Frey Nicolao d'Oliveira diz respeito ao antigo Convento da Esperança demolido em , onde se localiza o Quartel de Sapadores de Bombeiros de Lisboa.

    Santa Catarina do Monte Sinai foi a mais poderosa nau de guerra da Marinha Portuguesa no século XVI.

A lenda das Sete Colinas de Lisboa

Diz a lenda que Ulisses fundou Lisboa sobre sete colinas e que a própria expressão Lisboa tem raízes no seu nome.

Enquanto retornava à sua terra natal, Ulisses terá passado por Lisboa e permanecido algum tempo. Estas terras ofereceram-lhe tamanho prazer que decidiu fundá-la em sete grandes colinas.

Outra lenda, mais elaborada, diz que existiu um reino chamado Ofiusa sobre as terras de Lisboa, governado por uma rainha meio mulher, meio serpente e que se terá apaixonado perdidamente por Ulisses. O herói da guerra de Tróia teria atracado aqui para abastecer as naus e descansar da longa viagem.
Mas Ulisses teme a obsessão da rainha e, enganando-a, foge durante a madrugada. A rainha enraivecida lança-se ao mar para alcançá-lo mas acaba por morrer. Diz-se que as colinas foram feitas pelas sacudidelas da sua cauda de cobra enquanto lutava pela vida.

Podemos encontrar a lenda de Ulisses e a Fundação de Lisboa, pintada em azulejo, na Estação do Rossio.