Sinto a força das linhas na minha mão.
Sinto-a com tanta força que das linhas
Salta a tinta mal assente nesta folha
Estocada por meu arpão!
Agarro na minha caneta porque largo tudo.
O linha após linha foi outrora letra após letra. Um dia, estas letras, estas linhas, serão um livro.
Tantas lutas e batalhas contra uma sociedade de castradores que te apertam os pulmões até os estoirarem, espremendo clitóris e túbaros como se de borbulhas se tratassem!
E assim, morre o nosso animal interior. Morre o bicho que é livre. Nasce mais um de todos.
A ameaça de uma prisão faz-nos ser uma de duas coisas: um carneiro que segue ou um Homem que se liberta seja de que forma for! Não estarei alheio ao facto, de enquanto escrevo estas linhas, me encontrar num congresso a menos de meio gás, cheio de velhos que ainda se preocupam mas deixam aos outros para fazer. Prisão? Checked!
Grilhetas, grilhões e coletes de força à volta das emoções.
Perdoem-me vossas excelências, a nudez em minhas palavras, numa sociedade ultra vestida e da qual (quase) se extinguiram todos os valores despidos e ausentes de interesses dignos de vomição.
Mais vos informo, que...
Se a força me faltou na caneta,
Se a tinta não me espichou da folha
E se o meu arpão não vos estocou por pouco que seja os sentimentos,
Então, meu senhores, falhei-vos.
Larguem tudo.