Conheci a Rita no Núcleo de Yoga de Almada, durante uma aula de Yoga orientada pelo Professor Firminiano.
O Yoga é uma porta de entrada para outro mundo, mais tranquilo, de enorme partilha e aceitação. Apesar da instrospeção necessária à prática, éramos transportados em grupo pela voz do professor, durante toda a aula.
Quererá isto dizer que só é possível existirmos em harmonia com os outros enquanto houver viagens dentro de nós?
Todas estas verdades trazem-me a Rita à memória. E é assim que me lembro dela.
Simão Correia
Portugal foi o sítio que me viu nascer e onde vivi em permanência até aos meus dezasseis anos de idade, altura em que comecei a viajar para competir no Bodyboard. O facto de ter começado a viajar sozinha muito nova, fez de mim uma pessoa mais desapegada à casa, aos amigos e até a família. Sempre adorei viajar, fazer a mala e partir para a aventura…Conhecer pessoas e partilhar experiências! Não consigo descrever como era a Rita Pires em Portugal, porque a Rita Pires sempre foi do mundo.
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Eu comecei a praticar Bodyboard porque desde pequena que passava todos os meus verões na praia, na Costa da Caparica. Um verão, o meu irmão mais velho decidiu comprar uma prancha de Bodyboard, e eu comecei a surfar com a prancha dele, tinha apenas 9 anos. No verão seguinte, e para que eu pudesse acompanhar o meu irmão dentro de água, os meus pais decidiram comprar-me uma prancha, fato e umas barbatanas. Desde o Verão de 1988 que o Bodyboard é o meu maior vício… Um vício saudável porque me tem proporcionado momentos incríveis, e porque me transformou na pessoa que sou hoje.
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Em 2002 terminei a minha licenciatura em arquitectura e durante 5 anos consegui conciliar a minha profissão de arquitecta com a carreira desportiva. Foram 5 anos bastante cansativos porque treinava todos os dias antes de ir trabalhar e muitas vezes trabalhava horas extra para poder viajar e ir às principais competições. Cheguei a um ponto em que tive de decidir se queria dedicar o resto da minha vida à arquitectura ou ao Bodyboard e competição… Mesmo sabendo que a carreira competitiva tem um período limitado, optei por seguir o meu coração e dedicar-me àquilo que mais gostava. Deixei o meu trabalho no atelier em 2008 e em 2009 surgiu a excelente oportunidade de ter um programa de televisão na SPORT TV. Se nunca tivesse arriscado, nunca teria tido esta oportunidade!
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Poucos anos depois de ter começado a competir e a viajar, soube que Portugal não seria o país onde eu iria viver… Sempre procurei alternativas que me permitissem estar em contacto com o mar e viver um estilo de vida saudável e descontraído. Portugal, apesar de ter boas ondas tem água gelada, e para mim isso é uma grande barreira… Sempre sonhei em poder surfar até ao fim dos meus dias, e isso só é possivel num país com águas quentes!
Eu comecei a viajar para a Indonésia há seis anos atrás… A primeira vez que visitei o país soube logo que seria esse o sítio. Durante os três primeiro anos fui várias vezes a Sumatra e cheguei a ter um negócio lá. Há dois anos atrás vim a Bali pela primeira vez e fiquei apaixonada. Esta ilha é mágica e tem tudo aquilo que sempre sonhei. Não considero que tenha deixado tudo, porque há muito que estava à procura desta oportunidade…Portugal nunca foi um sítio onde quisesse criar raízes, e por isso não acho que tenha largado assim tanta coisa.
Bali é um dos sítios mais atractivos do mundo! Por dia chegam milhares de pessoas e tudo gira à volta do turismo… É um sítio excelente para desenvolver projectos, para criar ideias e para conhecer pessoas. Obviamente que também existem algumas barreiras e dificuldades, mas a energia do local e o facto de estar sempre a conhecer pessoas dispostas a ajudar faz com que qualquer dificuldade se torne apenas num pequeno desafio.
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Em Bali tenho uma vida bastante ocupada a desenvolver o meu projecto do Stand Up Training. É um projecto pioneiro e está a ter uma enorme aceitação por ser diferenciador. Basicamente, o meu dia é passado a dar aulas de SUP YOGA, a estabeler contacto com cliente e novos parceiros. Duas ou três vezes por semana, faço tours nas montanhas e dou a conhecer aos turístas, locais que muitos conterrâneos nem imaginam que existem! Infelizmente, não tenho tanto tempo quanto gostaria para surfar, mas estou feliz com o trabalho que estou a desenvolver aqui.
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Muito sinceramente, não sinto muitas saudades da sociedade ocidental. Acho que nos dias de hoje as pessoas vivem muito das aparências e esquecem-se da sua própria essência… O caminho para a felicidade é uma auto-descoberta que não deve depender dos outros mas sim de nós próprios. Enquanto ficarmos parados na nossa área de conforto o mundo vai girando à nossa volta e aos poucos vamos perdendo controlo da situação e do rumo que a nossa própria vida deveria tomar na busca da felicidade! Nas sociedades ocidentais é exactamente isso que passa: muito pessoas acomodada na sua zona de conforto e muito pouco dispostas a contribuir para uma mudança!
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Aconselho a que sejam persistentes e que não desistam na primeira dificuldade. Acho muito importante terem a certeza da decisão que estão a tomar e é também importante ter o suporte das pessoas mais próximas como a família ou amigos… Os primeiros tempos são sempre os mais difíceis e são essas pessoas que nos vão dar energia para continuar e não desistir de explorar um caminho cheio de incertezas.
A vontade de perseguir um sonho!!!
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Rita, muito obrigado :)
Até sempre...