Há uma praia no concelho de Almada, pouco conhecida das confusões de fim-de-semana, que encerra tamanha beleza que quem lá vai tem vontade de tirar a roupa só para sentir a liberdade.
Esta é uma praia de naturismo por excelência. O silêncio abunda. Talvez seja sinónimo de respeito e tolerância. E não será isso que procuramos?
Atravessando a Charneca de Caparica para fugir ao tráfego da Estrada Florestal junto às praias, tomamos a acidentada Estrada Nacional N377 pelo meio da Mata dos Medos, seguimos em frente no cruzamento que desce para a Fonte da Telha e estacionamos poucos metros antes da entrada para a base militar da N.A.T.O., onde a estrada termina. Por este motivo, a Praia da Adiça também é conhecida por Praia da NATO.
Do lado esquerdo da estrada há uma clareira com sombra onde podemos estacionar, tranquilamente, no meio do pinhal.
Não se assustem com os avisos militares, o trilho contorna a vedação pelo lado direito sem pôr ninguém em risco nem infringir lei alguma. Aqui a liberdade é rainha assim como a brisa que sopra do mar.
Seguimos o trilho de areia branca sob a altura dos pinheiros até o azul brincar com a imaginação… Será o céu ou o mar?
Continuando em frente, guiados pela certeza do trilho descendente paralelo à arriba, cortamos inesperadamente à direita, mais adiante, pelo meio da vegetação densa onde a areia fria surpreende os pés escaldados.
Mas antes de se lançarem ribanceira abaixo, esperem um pouco… Já repararam na imensidão desta paisagem? Que visão incrível! O imponente Espichel de mãos dadas à grande encosta do Meco, guardando as águas da Lagoa de Albufeira. E nós, meros espectadores deste privilégio natural.
— Por favor, inspirem e expirem.
A natureza tem a característica interessante de permitir a nossa existência mesmo sabendo que somos réus.
Encontramo-nos algures entre o Cabo Espichel e a Cova do Vapor em plena Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica. Tão distantes das famílias intolerantes como dos seus fins-de-semana ofegantes.
Aqui só há paz.
Se tivéssemos continuado em frente, percorrendo a falésia a todo o seu comprimento, iríamos até à Lagoa de Albufeira. Uma caminhada de hora e meia, aproximadamente.
Uma vez na praia, olhem para trás para e reparem na pequena depressão existente na arriba, onde outrora existiu uma mina de ouro em meados do século XVIII, segundo conta a história.
Apercebemo-nos também das pragas do chorão-do-mar e acácias que têm dizimado as espécies autóctones protectoras das dunas, como o estorno, durante anos e anos.
Infelizmente, se nada for feito, um dia não restará nada.
A areia é dourada, o mar é azul. Desfrutem e respeitem.
Vamos aos mergulhos…